sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Era tarde e eu estava cansada. Mas a visita chegou eu eu sempre o recebo bem - seja de onde vier.
Tinha um orgulho no olhar daquele cara que eu reconheci. Óbvio, eu me deparo com o mesmo ar de satisfação sempre que me olho mais demoradamente no espelho.
É como se ele me dissesse: está tudo bem. E está, mesmo. Em qualquer circunstância, há o bem.
Levei muitos anos pra parar de sentir medo, e o fato de ele vir me visitar me fez lembrar que a gente só se livra do medo quando se entrega sem reservas ao destino.
Custou, mas hoje consigo dar boa-noite sem susto ao meu pai.
Afinal, está tudo bem entre nós.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

A vida é boa, a vida é boa.
Há coisas efêmeras e outras eternas
e a diferença entre elas é que torna tudo gostoso.
Há estrelas que não existem mais e ainda encantam,
inspirando os poetas. Até o brilho das estrelas pode ser ilusão,
mas a gente vai morrer sem saber disso. E a poesia é eterna.
E o amor, desde que a gente nasce até quando a gente vai embora - é o mesmo.
E a gente vive e se inebria e se surpreende com ele.
Definitivamente, a vida é boa. No meio de tantas possibilidades eu tenho uma certeza que não me sufoca.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2003

Comigo vive um moleque que vez em quando perturba.
Não deixa meu cabelo crescer, masca chicletes (faz bolas!) e
de vez em quando é estabanado e dá topadas. Também fala palavrão.
Gosto dele.
Minha filha - craque no futebol de praia, única entre mais de dezena de garotos - apazigua o meu moleque.
Meu filho - consciente e responsável - lhe dá sermões com complacência.
Meu companheiro se diverte. E lhe dá asas.
Entre risadas incontroláveis e xingamentos desnecessários, esse guri me compensa os anos no rosto.