sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Algumas mulheres são redemoinho, são tornado, são um vórtice criador e transmutador.
Por serem muito capazes de entregar o coração, se desfazem dos apêndices sem anestesia. No universo delas, não há perda, há compostagem de vida. São essas mulheres que me fazem respirar fundo e rir muito, porque a lágrima é leve, é fácil de carregar. Elas me ensinam a não cavar o solo pra conferir sementes, me ensinam a alegrar-me com o verde quando tudo que se vê é o negro da terra. Me ensinam a manter a cabeça em pé e as velas içadas.

Os ventos da graça sopram o tempo todo, você só tem que içar as velas.
(Ramakrishna)

Para Ilane Gehrs, que me ensina sem saber.
Então, os 40 chegaram. Vieram com água doce e trovoadas, como não podia deixar de ser. Tirei os olhos do computador, no final da tarde do fim dos 39 anos e vi a cachoeira na pedra em frente à minha casa, onde antes só havia pedra. Lavei a casa com alegria.