Ela tinha uma saia rodada
Sob a qual circulavam mil pernas
Em passos às vezes incertos
Mas sempre ritmados.
Tinha um cabelo de nós e laços
Que escondiam pensamentos mulatos
Como numa mandala as imagens se sucediam
Brancas e negras, em velocidade de confundir.
Ela ria. Ah, como ela ria,
Isso sim. Ela ria.
E o mundo ao redor se regojizava,
A cada gargalhada que se esvaía
A cada suspiro de retomar o ar,
Que era tudo de que ela precisava para ir adiante.
Além do ar, a água dos olhos,
A terra debaixo das unhas
O fogo do espírito. Hare-ave-aieiê.
E a nêga se reinventava.