Cuando el cabrón lloró
Estava no táxi me despedindo de San Jose, a caminho do aeroporto. Quem me levava era Juan Fernando, um taxista colombiano que se irrita com a “arrogância costarricence e da maneira feia como são tratados os nicaraguenses aqui”. Falamos sobre o tratado da TLC, sobre a influência norte-americana no país e sobre o perigo que representam os chineses para o mundo.
De repente, no rádio, toca uma versão castelhana de “Menina Veneno”, do Ritchie. Comentei com Juan Fernando - “uma música brasileira!”. E ele me responde – pois é, mas o Roberto e o Nelson são incomparáveis.
- ?
- Roberto – o Rei.
- Ah, tá. E o Nelson, é o Nelson ....
- Ned!!
- Nelson Ned?
- Sííí...buenísimo cantante!
- Ahhh...si...es verdad [eu pensava por onde andaria o Nelson Ned].
Contei a Juanfe que o Nelson Ned não cantava mais no Brasil.
- Por que????
- Porque chamaram ele de anãozinho num programa de TV e ele “se enojó”.
- Ai!!! Que feo!!!
Engatei noutra noticia ruim: o Roberto sofre de depressão desde que a mulher dele faleceu.
Um silêncio absoluto no carro do Juanfe. Eu me distraí comendo uns plátanos com sal e limão e, de repente, dou uma espiada para o retrovisor. Juanfe chorava em silêncio.
Não quis dizer mais nada, bastava de más notícias. Sabe-se lá o que poderia acontecer com ele se eu contasse mais uma novidade daquelas. Se eu contasse que a Sandy não é mais virgem? Se eu contasse o final de “Chocolate com Pimenta” - novela que é retumbante sucesso aqui por essas bandas...? Se eu contasse...sei lá.
Achei melhor terminar a viagem em silêncio, com meus plátanos. Não se pode tirar as ilusões de um homem assim, de uma hora pra outra.