quinta-feira, 31 de maio de 2001

Rosário Café

Aprendi o que é sorte
quando vi o baleiro rodar.
De pé,
no balcão do café,
entre a mão que debocha
e a que me segura no ar.

As mãos vão embora,
acenam de longe
ou são incineradas.
Que triste essa perspectiva!

Confio na sorte
que traz grandes amores.
Assim como o baleiro gira
e o colorido das balas confunde os olhos da criança,
Também o mundo gira
E minha cabeça roda.

Descubro que o colorido continua,
no caleidoscópio.
Sem as mãos ancestrais no amparo
não me arrisco mais em vertigens.

Às vezes eu me sinto mergulhada até o pescoço na caldeirinha do diabo.
Não tenho medo de falar o nome do dito cujo (Salve, São Miguel) porque se é verdade que ele mora nos detalhes, temos nos relacionado relativamente bem. Não encrenco com detalhes, ele não encrenca comigo.
Me assusta até, essa pressa. A velocidade que imprimo às coisas e a velocidade com que as coisas se imprimem em mim é a minha medida do possível.
Delicioso, assim. Não perco nada com interpretações do real.
Só me incomodo um pouco comigo mesma quando fico chafurdando numa montanha de "queros" e não saio do lugar.
O resto é bobagem. Com o que mais me incomodaria, além dos meus quereres que me levam ao movimento ou à estagnação?
Às vezes eu penso que me desperdiço.
Com mil caracóis!!
Onde foram parar os meus pensamentos???

domingo, 13 de maio de 2001

Dor é uma coisa que confunde.

segunda-feira, 7 de maio de 2001

Por que é que eu tenho que ser evidente?
Por que não posso ter segredos?

sábado, 5 de maio de 2001

Pessoas felizes são assim: se regozijam com uma máquina de lavar nova, um edredom, um telefonema, um sábado chuvoso, ovo de páscoa na geladeira, uma minissaia velha que entra de novo, uma filha que aprendeu a ler sozinha, guaraná diet, jogo da memória, paz.
Tudo meio comum, meio fora-de-moda, meio sem glamour.
Mas gostoso e meu.

"Cantemos a canção da vida
na própria luz consumida."

Mário Quintana

São presentes preciosos, os que recebo. Mesmo os ausentes.

quarta-feira, 2 de maio de 2001

The Road Not Taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I marked the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I,
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Amo Robert Frost.